Conversamos com Fake Watch Hunter, o perfil brasileiro no Instagram mais polêmico do momento

Um caçador de falsificações mascarado. Parece história de super-herói, mas ela acontece de verdade, na internet. Especificamente em uma das redes sociais de compartilhamento de fotos mais populares do momento, o Instagram. Ninguém sabe seu nome, mas ele atende por Fake Watch Hunter, ou caçador de relógios falsos. Ele não possui cara, nem corpo – só uma caricatura de Hunter S. Thompson, jornalista e escritor americano. Mas tem coragem e ousadia em denunciar perfis que ostentam relógios falsos. Você já leu hoje, mais cedo, uma matéria especial que explica por que você não deve comprar falsificações ou réplicas de relógios. Agora, lê uma entrevista exclusiva com o criador deste polêmico perfil.

Fake Watch Hunter concordou em falar conosco por e-mail, sob condição de anonimato. Confira:

Fake Watch Hunter: em poucos meses, mais de 5 mil seguidores no Instagram

WatchTime Brasil: Você possui um perfil no Instagram que apresenta pessoas vestindo relógios falsos e dá um “flagra” nelas. De onde surgiu esta ideia?

Fake Watch Hunter: Escrevi a palavra Relógio na área de busca do Instagram e apareceu dezenas de perfis comercializando abertamente réplicas. Entrei em alguns desses e vi diversos comentários. Fui ver quem eram essas pessoas e me deparei com relógios falsos, “ostentados” como reais, aí surgiu a ideia de criar um perfil para expor esta situação.

WTBR: Há não muito tempo surgiu o perfil Fake Watch Busta no Instagram. Sua inspiração para a abertura desta conta veio a partir disso?

FWH: Ver o sucesso que ele faz me motivou a acreditar que teria alguns seguidores.

Fake Watch Busta foi o perfil de inspiração para o herói brasileiro

WTBR: Qual foi o seu objetivo com a criação do perfil?

FWH: Pessoas compram réplicas por status, acreditando que são idênticas, “perfeitas”. Meu objetivo é mostrar para estas pessoas que estão sendo enganadas, que suas réplicas não são idênticas e que elas podem se expor ao ridículo.

WTBR: Qual é a sua formação e experiência para conseguir identificar os modelos falsos?

FWH: Horologia é um hobby para mim, coleciono e tenho um grupo de amigos que compartilham dos mesmos costumes. Muitos relógios já passaram pelas minhas mãos. A internet é uma ótima fonte de pesquisa também.

WTBR: Seus flagras incluem muitas pessoas famosas, ou que estão em voga na mídia. Qual é a reação destas pessoas ao serem flagradas com uma peça falsa? Você já enfrentou algum problema?

FWH: A reação costuma ser silenciosa, mas as fotos são apagadas do perfil e com isto contribuo para que réplicas parem de ser divulgadas. Não enfrentei nenhum tipo de problema, mas já recebi ameaças de processos à agressão física.

Flagras vão de pessoas comuns a famosos

WTBR: Existem relatos de até mesmo realizarem o comércio de réplicas ou falsificações. Isso é verdade?

FWH: Já negociei alguns de meus relógios e também comprei alguns modelos usados. Quando me perguntam sobre o que acho de relógio usado respondo “relógio usado é igual a mulher: você se realmente se importa se foi o primeiro?” Quero dizer com isto que se eles tiverem sido tratados com amor e passado por uma revisão, não vejo problema algum. Já lidei com diversos joalheiros e nunca tive problema, há aquela velha frase que já virou clichê “não compre o produto, compre o vendedor”. Certamente deve haver joalheiros que vendem modelos falsos, ou tentam tirar algum tipo de proveito. Existem mal intencionado em todas as áreas.

WTBR: Como o leitor do WatchTime Brasil pode comprovar a autenticidade de um relógio que ele tem ou deseja adquirir?

FWH: Se tiver o relógio em mãos a melhor maneira é leva-lo a um relojoeiro de confiança e pedir para que ele abra e veja o movimento, podendo, assim, comprovar sua veracidade. Caso não o possua em mãos, o melhor que se pode fazer é achar a foto de um relógio original do mesmo modelo para comparar. Lembrando que há réplicas que só detectamos abrindo e verificando o movimento.

WTBR: Qual é o seu posicionamento sobre falsificações?

FWH: Este é um problema que acontece em grande escala, atinge diversos países, penas brandas e outras prioridades das autoridades facilitam a atuação de falsificadores.

WTBR: O que você recomenda àqueles que desejam comprar um modelo falso ou réplica?

FWH: “Você não pode colocar uma coroa em um palhaço e esperar um rei.” Pessoas buscam replica por status, recomendo que elas peguem o dinheiro que iriam usar para financiar o crime e procurem por modelos originais dentro de seu orçamento. Quem realmente gosta de horologia não compra relógio falso, não faz sentido.

WTBR: Muitos dos “flagrados” respondem às suas postagens com ofensas. Você acha que caberia a você tentar “educar” estas pessoas sobre comprar ou não um relógio falso?

FWH: Não acho e nem é minha intenção educar pessoas. Mas quando o flagrado se diz arrependido e que venderá suas réplicas e trocará por peças originais, fico com sentimento de dever cumprido, situação esta que já se repetiu algumas vezes.